03 dezembro 2011

EXPOSIÇÃO





O projeto Zip’Up ganha novas dimensões e ocupa o salão expositivo principal da Zipper Galeria a partir de 3 de dezembro. Com curadoria deMario Gioia, participam da mostra Território de Caça os artistas Estela Sokol (Zipper Galeria), João Castilho (Zipper Galeria), Felipe Cama,Felippe MoraesFernanda BarretoManoel VeigaMariana TassinariMarina CamargoMaura BresilRaquel Versieux eShirley Paes Leme. A proposta central da exposição é discutir a land art de modo expandido, considerando sua influência e seu legado especialmente sobre artistas emergentes.
Surgida no final da década de 1960, nos Estados Unidos, a land art foi um movimento artístico no qual paisagem e obra de arte eram inextrincavelmente ligados. Era também um protesto contra a artificialidade, a estética plástica e a comercialização implacável da arte feita à época. Por suas características, a land art só poderia ser usufruída de maneira fragmentada em galerias de arte e museus, através de registros fotográficos, em vídeo ou projetos.
Estela Sokol exibe fotografias da série Secret Forest. Durante sua residência artística na Áustria, Sokol pôde experimentar a influência de sua cor-luz (cores brilhantes e fluorescentes, que tingem os arredores ao refletir a luz) sobre o branco absoluto da neve.
O políptico Peso Morto, de João Castilho, exibe paisagens áridas com uma característica central: os montes de pedras – estejam em espaços desérticos, em frente às casas ou, literalmente, no meio do caminho. Essa matéria em descanso guarda mistérios sobre tempo, fronteiras, sertão e viagem. Como em muitos outros de seus trabalhos, o artista assume-se como andarilho, como viajante.
Felipe Cama apresenta After Turner “Chichester Canal” (Street View), impressão em metacrilato de uma paisagem criada a partir da imagem do local original da pintura Chichester Canal de Turner, como encontrada atualmente no Google Street View.
No vídeo Dos Templos, de Felippe Moraes, um espelho de moldura rebuscada engana nosso discernimento por estar colocado sobre a grama, de modo a refletir o céu. Esta intervenção simples nos convida a transcender a percepção cotidiana.
Fernanda Barreto apresenta Confluência, obra na qual pedaços de imagens de satélite de diversos rios foram apropriadas da ferramenta Google Earth e justapostas, formando um único curso. A publicação A Lua, de distribuição gratuita, reproduz páginas de um livro sobre nosso satélite natural, datado de 1966. Intervenções em grifo amarelo são feitas sobre algumas frases, evidenciando tempo e espaço hipotéticos.
Em séries de fotos feitas na Jordânia, Mariana Tassinari cria intervenções cromáticas por computador, sugerindo novas paisagens, novas cores para o céu. A artista participa ainda com a série de fotografias Campo em Branco, tomadas no mesmo país. Nesta série, ela captura a interferência da esfera de sinalização dos fios de alta tensão sobre a paisagem que lhe serve de pano de fundo – conforme a artista se move, a esfera muda sua localização sobre as montanhas.
Marina Camargo interpreta a paisagem não apenas visualmente, em obras como Lugar: Tacuarembó (o letreiro da entrada da cidade, criado pela artista ao estilo de Hollywood, invade o cenário e é encoberto pela relva alta e indomada neste trabalho recém-exposto na Bienal do Mercosul), mas também através do som, com a obra sonora Paisagem com Ondas.
Hubble, de Manoel Veiga, trata da apropriação de imagens “siderais” do potente telescópio de mesmo nome. O artista comenta que “a forma como construo o espaço nesta série é bem semelhante à da [minha] pintura, saiu dela, e assim crio um novo espaço-paisagem fictício usando o próprio cosmos como matéria-prima”. O artista comenta, ainda, que os fenômenos físicos que atuam sobre sua pintura (gravidade, difusão, etc.) configuram, de maneira similar, a paisagem.
A sala no andar superior é ocupada pela instalação de Maura Bresil. Uma impressão fotográfica da água rasa e da areia da praia foi colocada pela artista à beira do mar para que sofresse sob os efeitos desgastantes da água, do sol e da areia. O registro fotográfico desse acontecimento é trazido para a galeria e simulado novamente através de cânulas de água, que corroem a impressão fotográfica pouco a pouco.
A fim de debater o controle sobre a paisagem e “permitir a Arte através das Ciências Naturais”, Raquel Versieux construiu uma máquina de erosão, na qual camadas de terra de diferentes cores sofrem sob a ação da água todos os dias, mudando a paisagem e a configuração da galeria diariamente.
Shirley Paes Leme também participa da exposição, prestando caráter histórico à mostra. Registros fotográficos do projeto Formas Lúdicas no Espaço, realizado em 1979 em Uberlândia, estarão na galeria. Tratava-se de uma instalação permanente em área pública a céu aberto, composta de 30 estruturas de grande porte, utilizando madeira e corda de sisal. O projeto nasceu a partir da observação das brincadeiras que as crianças faziam na rua ou nos quintais de suas casas.
A exposição Território de Caça  fica em cartaz até o dia 14 de janeiro de 2012, quando haverá o lançamento do catálogo Zip’Up 2011, que reúne material sobre as sete mostras do projeto e debate com o crítico Mario Gioia e artistas participantes.